sexta-feira, 18 de setembro de 2020

Debanda...


Rota, alma rota, no âmago da minha intranquilidade te nomeei "escrota", ó linda noite que já há muito me fere, dormindo em frente à estranhas portas, um cão à espera de um dono que se mudou faz tempo, mendiguei, confesso que por anos a fio mendiguei amor, do outro lado da calçada do mundo assistindo felicidades alheias, sobejando, ingratos por tudo aquilo que presunçosamente pensam ser deles por mero dever do pai das luzes lhes conceder, crônicas de um maltrapilho pedinte, andarilho, andarilho, noites de rejeição e a dor de acordar no dia seguinte, no ombro uma trouxa de esperanças vãs, pensava ela com uma bestial certeza que dali nunca sairia, ah, menina que tantas vezes me desprezou na certeza da minha "fidelidade canina", sentiu-se estranha por abrir sua porta certa manhã e não mais me ver deitado ali, visão que não tiveste acesso, um belo dia perfeitamente entendi que àquele lugar não pertencia, não perguntei, não fiz barulho, fria e silenciosamente como aquela manhã levantei e parti....

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Um dia lindo pra matar...

 


O ar da tarde com perfume de ganja, o entardecer laranja e lá se vai mais um dia na vida, amantes são amáveis, mas hoje eu sou um homicida querendo porque querendo esquecer como foi e que Deus me perdoe, não, não perdoe, devo ter visto num filme, aqui tramando um crime, não há ganhos ou lucros envolvidos, ontem era eu um delirante, hoje sou apenas mais um perdido, ah, sei lá, seja como for, pretendo matar durante o sono, asfixiar em mim o resto de amor, pois a ingênua crença tornou-se "desavença" e quem diria, num dia tão lindo assim, o sol refletia no dourado dos enfeites, deleites, sorrisos e outras evidências de sorte, cara, olha só a merda dessa cidade festiva e cá minha alma sangrando em cortes...

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Dias assim, dias que nem

Dias e dias, um dia disseste, dias que é como se o azul celeste fosse uma extensão de nós, tamanho o entusiasmo e dias que até parece que nos fundimos com a chuva, densos tais que o vazio tanto pesa que nos encurva; agora sob a ponte o reflexo da lua nas escuras águas da noite, à vista do rio tolamente sorrio, um lunático, um demente, sem motivos aparentes sorrio, me veio à memória a imagem do colibri vulgo "bem te vi", ah, vá, que seja, nunca mais a vi e rogo aos céus que nunca mais a veja, dias de entusiasmo, dias de mãos atadas pelo marasmo, no caudaloso rio de solidão atravessei a nado, mood de agora: interiormente cansado...

terça-feira, 25 de agosto de 2020

Um "alô" do super zero....





Ao som de um sax de bossa triste eu sou amargura nas primeiras horas do dia, amargura sob um céu de madrugada e já não vale o que eu penso ou espero, restos de nada, mas pode me chamar "super zero"...rir das bobagens, rir da vida, extremamente necessário e o tempo voa, ah, pessoas, precisamos urgentemente rir pra esquecer de outras pessoas, eram 22 andares de ilusão e a minha fé na pseudo novidade ingênua e verdadeira, besteira, eu sei, mas é que eu jurava que voaria, só que apenas despenquei, caindo e rindo pra caralho, os sonhos estilhaçaram naquela impessoal calçada e infelizmente eu não morri, tristemente sorri na plena certeza de que não vale o que eu quero, restos de nada, oi, meu nome é "super zero"...

quinta-feira, 23 de julho de 2020

Palha+aço



É mais um estranho ano nessa vida, cores divididas em um mundo que cada vez mais acinzenta era tudo que eu queria, mãos, mãos que não me deixassem cair do prédio, braços pra me envolver no alto do topo do tédio e choraria junto na escuridão, sou genuína alma gêmea da solidão, melhor deixar-me cair no mar a ser um esforço pra lembrar, é, não sou lá tão esperto, mas ah, como amo sumir de onde já não mais me queriam por perto, meu nome é "pelo menos", mas pode me chamar "aturado", às voltas com o quarto branco silencioso da introspecção, o grito do azul lá fora no meu peito vem como baque, sou Bjork, sou Buarque, na maioria das vezes esquisito, às vezes até vivaz, em algumas cabeças ainda vaga lembrança, na maioria já nem existo mais, a linda manhã veio à mim insanamente sorrindo com uma navalha, olhos perdidos no espaço, ai de mim que sou menino feito de aço com esse coração "réi"de palha...

terça-feira, 21 de julho de 2020

Gato, estranho gato



Lamentos, lamentos, ó, amor,  quantos corações esta noite não arrasas, mas hoje eu escolhi o isolamento, eu sou um felino graciosamente escapando sobre as casas, nem bebo, nem fumo, mas hoje eu sou boêmio, um descompassado poema andante e sem rumo, ah, os containers e latas de lixo do mundo que revirei à procura de sobras de sonhos, saudosista e um tanto anormal, mas decidi que hoje a saudade não me fará mal, um otário em meio à nostalgias de cenários, um cronista à beira da pista, ora sob o viaduto do Centro, ora sob a ponte do rio Ceará cá com meus anseios expostos e um affair ainda sem rosto, sei lá, talvez eu desista, talvez a minha real aceitação não exista e a alma sempre sedenta de afagos, verdade seja dita, até hoje ninguém descobriu na real o quanto de sentimentos presos trago, eu sou um felino infeliz, maltratado a vagar à beira dos trilhos, sou dispensável, sou amante maltrapilho...

terça-feira, 14 de julho de 2020

O amargo "após"....



Os ventos matutinos de setembro, ainda lembro, acordei multicolorido em um dia cinzento, suave pão de ontem, doce era o amargo do café, fé, sem mais agravantes, fé, dia simples de tão super, versos que fiz na paz da ciclovia, ao longe alguém me assistia ainda que fosse perfeito estranho, bem ali assim o mar e nada me impedia d'um belo banho, linda e livre a vida quando não se atém demais ao porvir, oh, não, ele, não, ele não, como o amor me achou aqui?? Cativou-me, desarmou e me despiu na vergonha, desfalecidos sonhos "nus", me sorriu, deixando sem nada e sumiu, era a solidão disfarçada, escreveu no asfalto a giz que não era muito legal me ver assim tão feliz, tão, tão velozmente de herói à pedinte, o dia seguinte, acordei "desbotado" sob um azul que de tão belo doía, tão bonito e imponente zombava o sol de mim, o céu ironicamente sorria, manhã fria e no estômago apenas borboletas mortas, era eu ma velha casa sem teto nem portas, ainda lembro, os ventos matutinos de setembro...