sábado, 24 de junho de 2017

A dor do amanhecer após o "não" da noite anterior






Vejam, ora, vejam, 
sob um sol de verão 
sou aquele reles otário
com uma trouxa nas costas, 
cansado de esperar respostas 
que não virão, à beira da estrada
 à espera de nada, afim de carona 
pro amanhã no ônibus imaginário
com faróis de estrelas, desesperado 
pra seguir em frente, bastante infeliz 
por não poder tê-la. sei lá, de repente 
passar a noite dando voltas na lua, tudo
menos passar na tua rua, pobre amante
vadio, passageiro da agonia tremendo de frio, 
temendo a luz do dia e a maré de melancolia,
sem saber com que cara eu enfrentarei o sol,
estando assim irremediavelmente só...

quinta-feira, 22 de junho de 2017

Doces lamentos de brisa








Balanço dessa última década pra cá, 
vivo de ilusão em ilusão e durmo pra esquecer 
quem achei que havia vindo pra ficar; por favor, 
ouça-me, mas não me dê soluções rápidas, acho que me viciei 
em perder, que misterioso esse tal destino, as falsas esperanças 
de menino tornaram-se um círculo vicioso, aquela leve ajeitada 
na minha alma amarrotada e me recomponho pra perder outra vez, 
é triste, mas eu sei, eu sei que vou, é uma dura certeza que nunca muda, 
simplesmente não entendo porque meu peito não abandona as tentativas, 
alternativas não me restam senão ter fé nas possibilidades, de tão intenso 
devo ser tipo raro, tanto que ninguém consegue acreditar que possa ter tanto 
assim pra compartilhar, disparo minha metralhadora cheia de mágoas no mar, 
pois sou só mais um cara, certos olhares de cisma já me acusaram de "fraude" 
pela simplicidade de tão ordinários sonhos de amor, a tarde gentilmente arde
à nos iluminar como holofotes de uma peça, nós seríamos os protagonistas, 
o aterro seria nosso palco com cortinas azuis que iriam de espigão à espigão...

terça-feira, 20 de junho de 2017

Desperdício










Oi, olá, meu nome é "fracasso", 
mas pode me chamar de "fiasco"...
tenho pele e lábios que nem o menino 
dos teus sonhos, só que ele não tem história, 
não andou meio quarteirão da solidão que já trilhei, 
não sabe o que eu sei sobre estar só, sobre encontrar 
consolo na imensidão da noite, confesso ao universo, 
nunca mais pude despertar, essa carência desmedida 
me deixou num estado de dormência quase irreversível 
que meu melhor predicado é "invisível"; ah, se soubesses, 
se ao menos sonhasse com todas as conversas imaginárias 
que já tivemos, ser platônico dói, mas eu nem ligo, mentira, 
ligo até demais, te olho assim, singularmente, o tempo passa 
e vou aprendendo à duras penas que o aparentemente apreciável 
oculta fissuras, que nem estátuas vistas de longe, com a aproximação, 
o sol de verão expõe as falhas, a valsa triste do vento com as folhas caídas, 
e vai "enfeiando", aquilo que fora belo somente aos olhos será sepultado 
em covas de nostalgia, incontroláveis"vícios" de amor um dia se traduzirão 
em meros "desperdícios", e por nada ter, amor à minha pessoa só de verdade, 
sonhos tais de reciprocidade, de insignificante sou qualquer sinônimo, quem, 
mas quem mesmo, meu Deus, haverá de amar um poeta anônimo?

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Reconheço...







Certeza, enganosa certeza de felicidade constante 
e falsas sensações de "Eternamente jovens", ah, que dó 
dessa gente prepotente, que pena, quando a velhice chega às portas, 
desaceleram os passos e passam à valorizar os abraços que à tantos 
negaram no passado, aquele ali sou eu, caminhando e assobiando 
serenamente enquanto atravesso essa multidão, solidão, de vazios 
e afins bem entendo, sei o que é ser deixado de lado, me acostumei 
à condição de dispensável, invisível, imprestável, mas sigo tranquilo, 
o ordinário céu de muitos a cada dia me interessa mais, ei, cara, hoje encaro 
o mar sem pressa, se terminarei sozinho? Recito poesias e palavras de um rei,
"Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi".

sábado, 17 de junho de 2017

Inventando cenários(De volta ao ponto zero)







Sob calmas trevas de árvores,
cá estou pensando em amizades,
amor e todas essas nomenclaturas baratas
e nós vivemos acorrentados por muito tempo!
Aproximar-me ou manter a distância, dependendo
do que seja digno de relevâncias, anos de coração
fatigado, mais me apetece o silêncio, não quero mais
me pronunciar, e que a meta seja sentir ou sumir de onde
as palavras perdem a força e a mediocridade impera, realidade,
quase sempre como não queremos, mais um dia  terminou solitário,
sentindo-me otário pelos ecos de declarações mal remuneradas, o sono
vem suave sem ninguém na cabeça, sem pensar em nada...

quinta-feira, 15 de junho de 2017

Frustralândia(Tristemente sorrir...)






Sorrir, tristemente sorrir e partir, 
coragem para se calar, sumir sem explicação, 
muita, muita força para reconhecer seu lugar, 
oi, olá, meu nome é "frustração", eu sou tua virose, 
sou tua menor dose de alegria em sorrisos amarelos 
pela cidade, a paz que te abandonou quando se atreveu 
à gostar demais, sou a falta de reciprocidade, sou o poema 
amargo declamado à luz da abdução antes do infeliz poeta 
ser tragado pela nave, sou atraso, sou entrave, sou a viagem 
cancelada para a Disneylândia, sou incômodo, sou o cômodo 
esquecido da casa, um porão escuro e vazio de um navio perdido 
nas profundezas do teu ser chamado"Frustralândia"....

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Vagamente(Até que não exista mais)







Amores nascem, amores renascem todo dia, 
morrer faz parte e a arte que me cabe na fria 
cidade é a de sobreviver intacto à cada saudade, 
até que o mar nos meus olhos envelheça e o céu 
esqueça por completo de lembrar de mim, assim 
são as memórias como os veículos em movimento,
na velocidade do vento, tornando-me "passado", 
constantemente deixado de lado, dia após dia existindo
...vagamente.