segunda-feira, 14 de agosto de 2017
Fadado a não ter
Me encara a noite, ei, cara, confesso certo espanto, que merda
esse sorriso "amarelo" da cidade, tão falso e superficial quanto,
cá com meu amor de metal, a velha bicicleta, Norah Jones nos fones
porque eu nunca quis uma vida a dois, assim toda planejada, são rimas
de uma alma calejada, foda-se minha boa intenção, veja as flores no olhar
que te trouxe por olhos teus de rejeição, okay, ainda te espero, mas sem porra
de "felicidade", tão doce e duplamente amargo o querer e de largo, outra vez
passou a reciprocidade...
sexta-feira, 11 de agosto de 2017
O fim da solidão
Na incessante espera e busca por algo belo no pobre coração me tornara interiormente feio, "receio" era meu nome do meio, foram incontáveis, ó, incontáveis vezes batendo portas estranhas, mendigando sorrisos, catando restos de alegria no lixo de gente que já teve muito na vida, havia um córrego que corria de sófregos olhos, de águas distraídas e folhas caídas de outros jardins em mim, havia um céu de nostalgia cobrindo mundos desinteressantes, e nesse instante um menino sentia e sentava sob a luz de um poste à beira de uma estrada pra lugar nenhum, afim de escrever sobre coisas belas que nunca pode ter, a não ser através da tela da TV, simplórios sonhos, porém inalcansáveis de alguém pra sorrir junto ao final do dia, lia em voz alta porque ninguém ouvia, não
cria mais em 'porríssima' nenhuma, nem mesmo no tal do carma, quando pela última vez olhou o céu bonito da noite sozinho e gritou:"Agora eu só acredito no poder da minha arma!", chovia, era uma vez poesia...
segunda-feira, 7 de agosto de 2017
Chora, poeta!
"Tempos difíceis para os sonhadores", aquela frase batida do filme, preciso estar firme, eu sou flor singular na avenida que não foi vencida pelo cimento, distantes sonhos concretos e eu não consigo lembrar quando firmei aquele estranho trato com o acaso de viver de abstratos, já são anos sem muita proximidade, sorvete, uma casquinha dividida, aquela penosa espera de simplicidade, braços dados com a desventura, escassez de abraços, reles criatura em sua vida de desfoque, um poeta incolor, quase um fantasma sem peles, nem toques
domingo, 6 de agosto de 2017
Ventos de abandono
Todas minhas expectativas viram história, ah, esses desdéns deveras desgraçados que não saem da minha trajetória, seja como for, sempre à espera da tão distante primavera, ah, quem dera amor, sempre com o rosto nos restos da alegria alheia, um mendigo, um poeta com a estranha maré de melancolia no mundo do globo ocular e ninguém mais quis ir lá, das sombras às sobras, a esperança de pé na cova, a alma em trapos, meu reino por uma roupa nova!
sábado, 5 de agosto de 2017
Os devaneios de quarto num sábado à noite
A espuma sob pés tão fatigados de vagar por terras áridas,
o mar reflete na pupila, mentalizo um odor floral, meio romã,
meio camomila, odores teus, odores teus, ei você, olhos de litoral,
te escreveria, contigo perambularia por intermináveis noites serenas,
será que não existes ou apenas está aonde não deveria, mas Deus sabe,
ao amor nunca disse "jamais", olhei ao redor, quanta superficialidade,
simplicidade, onde estais?
sexta-feira, 4 de agosto de 2017
Antes de um possível começo e triste fim!
A solidão é minha dona, cá estou pedindo carona,
lugar qualquer que não me faça lembrar, eu só queria estar em paz,
mesmo sem um par, eu só queria nunca ter estado lá; eu queria gritar
ao mundo que as pétalas macias da tua pele ferem mais que uma chuva
corrosiva numa noite de sábado, saibam, esta moça não precisa de objetos
cortantes para abrir uma cratera e sugar toda primavera interior, ó, que dor,
agora estou aqui de volta ao passado, sóbrio e só, numa tentativa desesperada
de me antecipar para que não chegue à ti aquela primeira carta de amor que escrevi...
terça-feira, 1 de agosto de 2017
Polaroid ocular
O vento sopra, os anos passam e eu só me fodo, oi, eu sou um desenho mal feito numa parede sendo vencida pelo lodo, a maldição que é ter que crescer, viver se acostumando a não ter, esquecer e perder, entender que uma tórrida chuva de lágrimas não fará crescer sementes de amor em tristes terras mortas de esquecimento e rejeição, ai de mim que tenho coração, ode ao tosco, ódio ao falsamente chamado "perfeito", mas confesso sem jeito essa incessante fome de simplicidade pela cidade, "Viver é foda, morrer é difícil", à sombra de frios edifícios, dessa janela de ônibus eu quis chorar com a calma visão do mar...
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