terça-feira, 26 de maio de 2015

Janete




A insatisfação no meu rosto em desfoque,
o silêncio da ausência do som do toque do
telefone, voltar pra casa só, gostar de quem
nem sabe meu nome, uma vida dividida, algo
que nunca me coube, memórias de certas coisas
que nunca soube, bem, basicamente essa é a minha
história; meu coração é um vago vagão do vasto
trem dos dias, as paisagens distantes pela janela no
mesmo instante em que ela acorda no seu quarto tranquilo
do mundo...nem uma aventura em especial na noite passada,
nada demais, no mais espreguiça-se num bocejo sorrido,
pensando naquele marzão comprido de tristezas rasas, os
vasos de flores nos parapeitos das casas, o cheiro de maresia
mistura-se com o do asfalto, lá fora a cidade gargalha alto,
uma necessidade desmedida de atenção, berros de falsa felicidade
enquanto a moça dobra a barra da calça, indiferente às alegrias vazias
e volta a pôr seus doces lábios sem adorno no canudinho em ritmo de
bossa, e assim Janete toma sua grapette, encontrá-la um dia...tomara.

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