quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

Ode à minha rede...


Bendito lugar onde reclina-se a cabeça e o corpo desfalece, vejam os afortunados com certa dificuldade pra adormecer de tão eufóricos e os tristes do mundo com medo de acordar de seus sonhos utópicos, desolados tempos aqueles em que mal erguia as pálpebras e já a solidão e o vazio estavam à beira do leito à minha espera, não pensar naquela época? Ah,quem dera! E vinha o sol e então o sol se ia, a tarde me esmagava, tal qual  a noite quando caía, tempos que vivia soterrado pelo dia até sentir novamente o vigor pra poder enfim levantar, voltei à fome regular e à importância de matar a sede, seja pra dar risada de mim mesmo, seja para prantear, meu divã mais confiável, pela graça de Deus, ah, minha rede, bendito lugar...

quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

Divina insanidade....


Tristonhos olhos de visão turva em meio à um mundo sem cores, enquanto em seus vasos flores e plantas celebram a chuva, ah, os seres humanos e seus devidos dissabores, tanta gente nesse momento "nublando" por dentro, almas em verdadeiros temporais, pranteando, lamentando suas faltas e aquele louco de espessa barba pelas poças assobia e valsa, do nada sorri coração, perdas, perdas tantas, e o "são" chora enquanto o louco comemora o frescor da vida que nem as flores e plantas...

terça-feira, 4 de janeiro de 2022

Sou tudo aquilo que me definem e vivendo o contrário...


Ó, sagrada e cálida varanda, na escuridão do céu noturno estrelas numa triste ciranda e a menina insone tem fome, mas não encontra conforto na geladeira, pois faminta de amores está e longe de sentir-se inteira; um grito silencioso ecoa pela cidade audível apenas ao coração e o que se ouve nesse instante é "saudade!", em outra parte bem distante cá estou a ouvir ecos do passado, vagos sorrisos e duros "nãos", um lunático no mundo de tantos sãos, dispensável, facilmente esquecível e os poucos que ainda lembram deram-me por desaparecido, agora intencionalmente na minha prisão sem muros, um estranho, um poeta obscuro, um interno na ala dos vencidos...

domingo, 19 de dezembro de 2021

Errante



Anoiteceu na laje, outra vez pus meu traje imaginário de astronauta porque acho que nunca mais voltei à órbita desde a última vez que senti falta, atônito em meio às estrelas, mas livre pela beleza do cenário espacial, pois quando parti ninguém viu, tão down, tão blue andei que implorei aos céus ao menos pela volta à paz do vazio; aquilo lá não são asteroides vagando nos confins, ali são pedacinhos meus, fragmentos de mim, sozinho em algum planetoide lamentando o que na ocasião aparentava simples crueldade da vida, sabedoria do universo imensamente superior ao meu utópico sonho de alegria dividida, mãos pra dar pra mim nem pensar, à Deus mui grato, a dúvida enfim me erra e quanto mais duramente aprendo menor a vontade de voltar à terra...

terça-feira, 30 de novembro de 2021

Morte aos peculiares!

 


Pessoas que amamos, pessoas que não mais e eu sou apenas mais um perdido com um único pedido aos céus: paz!..mas eu não tenho pretensão de ser aquele cara "super" porque esse tipo de gente é quase sempre aparentemente "super normal" e eu não digo que estou necessariamente "mal", sei lá, talvez esteja, ah, vá, que seja, só sei que hoje me defino "super esquisito", sei lá, tua casa de praia cheia de efusivos me inibe e eu gosto mesmo é de estar à toa, longe de aglomerações, uma ou duas pessoas pra falar, 'té mesmo estranhos conhecidos que se encontra pelas esquinas da vida e a gente se abençoa, detesto, repudio ter que parecer "bem" meramente pelo melhor julgamento de gente que sequer me têm respeito, ah, utópica liberdade que esses "lógicos racionais" não dão à nós, inaceitáveis incomuns, hoje eu só quero ser como o Wally, difícil de ser encontrado, longe dos acasos chatos que nos obrigam a estar onde não queremos, na multidão ser só mais um, tanto faz e como há muito cantou Guilherme Arantes, "Meu mundo e nada mais"...

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Hereditariamente desafortunado...



E quão revoltante achar ter encontrado seu lugar ao sol na praia particular no peito de alguém só pra depois sofrer pra desacostumar e lá vamos nós de volta às intermináveis filas dos desprezíveis e dispensáveis, semblantes sofridos, reclames e mudanças desesperadas de gente mal amada, seja muito mal vindo ao meu mundo, lugar esse, lugar esse que jurava ter escapado, Deus sabe como quis amar-te e me iludi achando que iríamos à lua no feriado, mas subitamente me vi sentado sozinho em marte, da janela eu vejo um imenso salão de oportunidades de afeto, mas desde feto minha vida foi esperar lá fora, sonhar e acordar sem, ah, sagrado ataque cardíaco, por que tanto demoras?? 

terça-feira, 16 de novembro de 2021

Deserto em mim

 


Não de refeição, mas de amor a fome e lá se vai mais um ano, Carpenters nos fones enquanto rastejo em meio às miragens frustrantes desse deserto urbano, ó, dias de sol escaldante e noites de frio cortante, machuca a pele, fere a alma de um cara já há muito sem o lar de um olhar, meu peito, meu Saara particular...