sexta-feira, 31 de maio de 2019

O que da pele não passa




Por onde andei? Por onde andei? Por entre estrofes e catastrofes do coração, extra, extra, no desprezo de sorrisos astutos, solitário à beira de viadutos em noites de sextas, entre palavras não compreendidas, como declarações feitas em consoantes, valsando o som da despedida entre avenidas e desconhecidos rostos translúcidos aos volantes, lembrei, disseste que meus olhos não te podiam alcançar, mas quando minh'alma gemeu, não, não estavas lá, não, não me viste cambaleante entre versos tristes de poemas ébrios, nem imaginas o clamor do meu peito pela paz interior na qual me deixaste quase que totalmente desprovido, um miserável, um desaparecido, ah, moça, tão, tão ocupada pensando nas tuas pérfidas paixões adolescentes e toda vez ante minhas pobres tentativas de bem querer que vagamente dizia "Eu sei", como terias sensibilidade pra saber em que lugares ermos da cidade eu andei?!

quarta-feira, 29 de maio de 2019

E o tempo que (se en)carregue!





Esquecido pela cidade, na parede de algum viaduto escrito "alegria", um contraste, um perfeito estranho pela noite incerta sorria sobre a velha bicicleta, uma criança, um vadio se equilibrando na linha do horizonte, uma vaga lembrança à vagar por onde sorrisos ecoavam em quartos desconhecidos, onde lábios astutos o mencionavam como se tivesse desaparecido pra sempre, onde lábios involuntariamente o citavam após o amor com outrem falsamente seguro, vivia agora no desdém de quem pretenciosa e "desarmadamente" pensava enfim ter se encontrando na vida, sorria, tristemente sorria conformando-se o esquecido com a paz de quem não tinha mais o que perder, sorria por não estar na  pele de quem nem imaginava de onde e quando o golpe do tempo viria, ah, ironia, cruel e sarcástica ironia, mãos nos bolsos, uma estrada impessoal que há muito trilhou solitário pela noite e o tal esquecido era então lembrado no âmago da dor quem caíra em si que outra vez não havia vencido...

domingo, 26 de maio de 2019

Celebrando alívios...






E eis que os domingos se multiplicam e vou deixando de olhar para o que fica, quanto penar até chegar ao estágio mais leve do mero vazio, eu clamei pra sentir-me apenas vazio, esperas e medos se foram, elevo preces pelos que ainda choram, aos espíritos fadigados de olhos úmidos semicerrados, alívio, agora volto a pedir pelor amor no meu caminho, ó, Deus, um amor que não me mate, nem tampouco maltrate, que não seja por questão de instantes, nós dois, uma rede armada de uma extremidade à outra da lua minguante...

sexta-feira, 24 de maio de 2019

Inexistindo






Havia um muro, entre o amor e eu havia um muro, sorrindo aqui do meu canto escuro da vida, insana e tristemente dançando sob a chuva de lembranças, amor, hoje te renomeei "escroto", eu sou um estranho encolhendo de tamanho, flutuando numa folha seca pelo rio que corre no meio fio em direção ao esgoto, sumi afim da doce prática da gratidão da cura divina através do tempo, dias viram meses e não serás lembrada mais do que um mero contratempo...

quinta-feira, 16 de maio de 2019

Minúsculo e encolhendo



No âmago do meu isolamento, cá estou sentado no meu planetoide, eu vejo tudo ao longe, bem querências, acolhimentos, daqui eu vejo gente sendo convidada para outros mundos e lembro de quanta indiferença tive no caminho, tristes passagens, ontem eu sonhei com estranhas paisagens e pessoas diferentes, em determinado ponto me deparei com um olhar que parecia me compreender, mas quando quis me aproximar, eis que a vista começa a escurecer, era meu olho abrindo na penumbra da madrugada, era a enfadonha tarefa de voltar à realidade do perfeito "nada", de volta ao espaço, a lembrança do cheiro bom de flores da terra, no bolso aquela última 3x4 tua que agora me desfaço, caio em si, volto a me conformar com o que a vida não tem pra mim...

terça-feira, 23 de abril de 2019

Digno de apatias....




Céu de bossa mar de calma, o sorrir agora dói, corrói a alma, um caco um traste, eu sou um triste contraste num dia primaveril, pedalei à beira do abismo, chorei sob a ponte e você não viu, não, você não me viu soterrado pela antiga casa de memórias, entre escombros e assombros, meus olhos já não viam a glória de um honesto azul à perder de vista, as ciclovias por onde passava acinzentavam e estupidamente dava risada da minha não existência onde jurei ter encontrado lugar, hoje vejo tudo de baixo pra cima, tudo é maior e minha ruína rima, havia um rio morninho de doçura que aqui corria agora estou seco, oco por dentro, lamentos, vazio e fissuras....

quinta-feira, 18 de abril de 2019

Torna não ser....



Sobre amor e mãos descuidadas, simples sonhos secretos de mãos dadas, mas se for pra falar de amor, que eu não descarte as dores porque o que mais dói na gente é aquela ingênua idéia inicial que de agora em diante serão só flores, mentolado céu da boca, volta à escurecer, acho que aqui dentro vai chover novamente, eu disse "mãos descuidadas", nuvens negras nuvens encobrem os últimos vestígios de sol no fundo dos olhos esperançosos pelo simples fato de continuar crendo que a "ilusão" é melhor que o nada, agora ecos das palavras de Renato, "O mundo pertence à nós", ó, céus, voltei a ser contado com aquela gente só, outra vez só mais um dos tantos em direção oposta à multidão dos mortos de felizes dos feriados e fins de semana, ao longo da estrada pra lugar nenhum....