domingo, 11 de junho de 2017

À calmaria...






Águas rasas de poças de tristezas
que vem das profundezas dos olhos
de almas mal amadas, diferentes vibes
sob a luz natural que alumia a árdua
estrada, ao passo que doces começos
se desenrolam, o chão cede sob pés
fatigados de tanto caminhar em vão,
e assim, o fim, é, eu sei que a monotonia
me consome e a melancolia me define,
já pensou se a vida fosse tão tranquila
que Lennon nunca precisasse ter escrito
"Imagine"?!

sábado, 10 de junho de 2017

Quererás, quererei?







Chove, chora, volta e meia, há meia hora 
atrás fui embora, quase meia noite, outra 
vez não quiseste adentrar minha porta, e assim,
volto para dentro de mim, haverás de me ter por abrigo 
quando um temporal desabar dentro de ti, será que apenas
no teu dia mal eu vou enfim existir? Quero o que tu queres, 
mas não o queres comigo, quererás um dia, e caso amanhã queiras 
o que ontem muito quis de ti, vadia, por ventura quererei?

sexta-feira, 9 de junho de 2017

O bazar dos corações super baratos






A solidão de um canteiro sem rosas sob aquele céu 
de nuvens rancorosas, o resto da cidade ensolarada 
porque hoje especificamente o cara acordou não vendo 
graça em nada; um erro a cada dois quarteirões que seja,
e a incerteza peleja contra nós, mas com o tempo aprendemos 
à gostar de estar só naquele lugar frente ao mar chamado "aterro",
imersos na densidade de nossos platônicos e utópicos sentimentos, 
e foi pensando na enorme distância dessa tal "felicidade" que adormeci 
e sonhei que era um menino feito de papel machê num curta metragem 
sem som, e o bom Jesus havia escrito na areia com um simpático emoticon:
"CLICHÉ", acordei sentindo aquele grande vazio, ah, quem dera primavera 
nesse meu peito invernal, sei lá, talvez sinceras atenções após um longo hiato 
desde a última vez que me senti "gente" para alguém que também pertenceu  
ao bazar dos corações super baratos...

segunda-feira, 5 de junho de 2017

Sequelas...



Há tanto prazer e tanto pra se ver, o cliché da solidão
em plena multidão, feliz ou infelizmente não se pode 
viver sem pensar, considero-me um "sem lar"no vazio 
nosso de cada dia, vivendo nas inconveniências de memórias 
involuntárias, é foda, quem me enamora também me ignora, 
pareço meio morto, mas cá ainda tenho um corpo sem calma, 
ó quantas almas miseráveis por sempre haver quem esquece, 
mas acontece que algumas são más, bem, há muito, muito tempo
atrás alguém me chamou "amável", agora mudo por conta do mundo 
que muda, pouco à pouco, cada dia mais dispensável, o dócil louco...

Se te faz viver...







Devagar, a valsinha triste das ondas
com a areia imóvel, o estranho par, 
e não precisamos ter pressa no ato
de se curtir a solidão, pois a beleza
já nem é assim tão relevante, quando
nos restam apenas "migalhas" de instantes
sob a mesa de alguém, outra vez anoitece,
das dores que vão ficando pra trás na estrada, 
chamem "zona de conforto", mais me apetece 
o nada, agora a lua cheia, o céu anseia pelo sol
e eu não tenho mais pelo que esperar, sei lá, 
então que eu esqueça, que logo amanheça
porque essa praia...é de vagar.

sábado, 3 de junho de 2017

Um afortunado par de invisíveis






De inverno em inverno a incansável espera 
pela quase inalcançável primavera e com ela
a vinda da minha heroína desajeitada, atravessando
meu telhado numa noite vazia de sábado estilo Chapolin
Colorado, assim docemente atrapalhada, meio pura, muito
insegura, como se nunca pudesse atrair atenção alguma por
conta da simplicidade em demasia, nunca soube o que é uma
história de amor pra valer, além do que assiste ou lê, mas deixa,
um dia riremos triunfantes com desdéns aos bem sucedidos dos
restaurantes que nunca nos notam lá fora nas vitrines,"reciprocidade" 
será nosso perfeito crime, "foras-da-lei", o tão sonhado amor marginal,
um dia, um belo dia seremos o casal de indigentes mais inteligente da cidade...

quinta-feira, 1 de junho de 2017

Chorar é massa...






Ó, escrota dos meus tristes devaneios, teu ser, teus seios, 
porra, que vontade de ti, um desejo enorme que sejas meu cais 
e nunca mais precise voltar, desse lado da vida tá bem escuro, 
deixa esse mundo seguro pra lá e vem comigo para o mar! 
Olha que lindo céu sem tamanho, olha o lado mais estranho do sol 
sobre esquecidos e desaparecidos, olha a minha rara cara de deleite 
na fotografia, até que fiquei bonitinho no anúncio da caixinha de leite, 
vai que em algum canto de olho eu ainda não seja saudade, sou náufrago 
urbano, estou em alguma parte da cidade escrevendo bilhetinhos de amor 
e pondo em garrafas vazias pra enviar pelo mar do esquecimento, cartas 
pra ninguém, ninguém pra esperar, sem novidade ou lembrança dividida, 
eu sou uma ilha ambulante em plena avenida, um rio desesperado pra correr 
atrás dos meus olhos estancados, tempão já sem chorar, aquele velho barco 
de profundos sentimentos há anos atracado...