domingo, 13 de janeiro de 2019

Domingo à sobreviver



Domingo, chove choroso domingo, entre cores e dores, cá estou, legítimo personagem de alguma canção do Smiths, oxalá conseguisse, pudesse estar dormindo...há uma semana, há uma semana morto para o mundo, um sono de reconciliação com o coração, acordar quando estivesse em perfeita condição de prosseguir, eu quis partir, mas fui impedido só pra ser ferido, eu quis morrer, mas vivi pra aprender, corrosivo era o choro dos primeiros dias aqui dentro, agora só inundava a casa desolação, o nível d'água ia baixando, o ritmo da chuva ia diminuindo e eu sobrevivendo a um cruel vazio de domingo...

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Condição...







O estalar das fagulhas, sorrisos e desdéns vindos da casa quentinha, do lado de fora da janela eu ouço, largado ao relento sem roupas em um dia invernal eu fui, um frio de doer a alma em abandono, ó, como invejo agora o pouco dos sem teto, tão, tão, tão triste e menos esperto; há algum tempo desisti de entender as razões, aquela sorridente personagem da van, na qual o povo admirava como uma "rainha" tinha me atado e tinha algum prazer no meu sofrer, mencionava "deus" e pouco importava se iria morrer por dentro, o prazer era seu critério e eu era só coração e dor, a incompreensão de uma criança com sangramento interno, o tempo ria da carne que envelhecia, disforme e eu pulava amarelinha no inferno....

domingo, 30 de dezembro de 2018

E o ano (descom) passou pro Charlie Brown...





E assim como de praxe, o amargo predomino onde brevemente fora doce, que saudade da incompreensão da infância, outra vez a entrada da "terra prometida" vista à distância; a cidade festiva, novamente o sorriso efusivo do mundo vai doer, olha que dia tão ensolaradamente bonito e eu acho que aqui dentro vai chover, outro dia um grande amigo me disse "lindo" sobre o meu interior e eu diria à ele com todo amor o quanto dói ser "lindo" sem ser visto, bem, acabei lembrando do "fã" que matou Lennon e dispenso focos em demasia, ah, deixa, ainda que dois ou três, lindo, lindo mesmo é ter amigos, no último natal, em mais um rolé solitário de bike eu vi aquele moço sentado à beira de um viaduto, um frio correu a espinha, me vi perfeitamente naquela situação, a angústia do dia seguinte após o "não" da noite anterior, oh, o ano que vem, cerrei os punhos, desisti dos cortes nos pulsos, uma lágrima quis escorrer, não, de tristeza é que não vou morrer e se me for permitido, ano que vem serei ainda mais vorazmente Charlie Brown e apesar da má sorte que tanto me ama, enquanto a morte não vem, meu peito sente a velha dor de ser assim tão diferente...

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Demônio...






Energias contrárias ao redor dos que ardentemente esperam dias amenos, de tantos, tantos "Pelo menos" foi que entendi que tão cedo o céu não teria tal descanso pra mim; senti, por um breve período eu juro que senti, era um estado de graça, ah, aquela paz de estar fora do "radar", e ele, incansável à me procurar, ó quão grande era sua inquietação, me viu assobiar, me viu sorrir e teve o ego maltratado, minha paz era uma espécie de "fardo", tão árduo era o caminho que levava à estrada da tranquilidade, ah, cara, eu juro que por questão de instantes me vi pacificamente só pela cidade, aquilo parecia sonho, mas insistente, enfim sorriu ao me ver novamente intranquilo...demônio.

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Ingenua e insanamente




Estranho, um estranho aos "amores" dos tempos de hoje, a alma nua em uma época tão, tão gélida, me desnudei pela dor de uma esperança, mas não me atrevo à chamar meu pobre amar de "erro", sentado na areia desejando que se abra uma cratera em pleno aterro, tragado pelo dia que o céu estragou, como pode, efêmero, um estranho aos "amores" dos tempos de hoje...

terça-feira, 6 de novembro de 2018

Desacostumar das belezas




Ampulheta, pela barba escorre o tempo, esbranquiçam os pelos, escurece a vista, anos e anos de espera vã, a areia da praia sempre foi meu divã e o vento meu fiel ouvinte, para cada desamor o dia seguinte, convencer à si mesmo a viver e desacostumar, ó, insólitos amores, descrenças e "descores", reconheço, menos infeliz eu fui quando platônico, irônico, desenhos teus que fiz mentalmente, agora caio em si que passei do ponto no "colorir", no interior nem eras tão bonita assim, solitário nos últimos minutos de uma noite de sexta, pela barba escorre o tempo, ampulheta...

quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Reconheço






Hey, olá, meu nome é nostalgia, estou presente no findar do dia, a amarelidão daquela fotografia sem "xis", o arco íris refletido no olhar infeliz, a mágoa no bilhetinho de despedida na poça d'água da chuva da noite passada, sou só mais um que vaga à beira de estradas, não tenho pra onde ir, sequer lembro de onde venho, nada tenho e o que restou já não funciona, a solidão, cara, a solidão ela é minha dona...