quinta-feira, 26 de junho de 2025

Silêncio, necessário silêncio...


Houve um tempo, houve um tempo, no âmago do coração pesaroso, na falta de alguém pra desabafar pessoas recorriam ao melhor confidente e ouvinte, à saber, o mar, aflorar ou matar de vez certos sentimentos ao som da cantiga do vento, secretamente contar aos céus da praia o quão massa ou quão paia foi, que Deus me perdoe, queria eu agradecer um pouco mais e menos maldizer, queria eu um dia nunca ter desejado outro cara ser além de mim mesmo, invejando status e a bonança dos ingratos, queria eu cantar a beleza de uma única flor que seja num modesto jardim, pessoas tendo, tendo e tendo e sempre aquele vazio básico a se preencher, pessoas que partem sem muito poder viver e alguns de nós que por aqui ficamos vamos pedalando e monologando pelas civlovias da orla com a cabeça cheia de doces lembranças e outras tantas despedidas, é osso, mas sabe, o fim do sofrimento também deve ser contado como vitória nessa porra de vida, sei lá, né, tanto faz, agora me pego assim sem liberdade pra ser ao menos solitário em paz, ensurdecedoras motocicletas e inoportuna música alta ruim truando na avenida mal nos permitem ouvir os próprios pensamentos, ano de 2025,, ah, que saudade de um entardecer de praia deserta e necessário silêncio, houve um tempo, houve um tempo...

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