quinta-feira, 27 de julho de 2023

Versos do poeta hipertenso



A cidade cada vez mais tomada pela ansiedade, sob o brilho da lua o pacto silencioso do "cada um na sua", "desamantes", desamores, atores, atrizes, alguns até vivendo e outros tantos infelizes em ter que fingir que deixou de se importar, sei lá, coisas que fazemos em prol da auto preservação, juras e frases passadas que embaraçam o coração, imaginação, pra que te quero asas, "nós dois costa a costa contra o mundo", por alguns segundos pareceu tão bonito de se dizer assim tão explicitamente até cair em si que merda é soltar coisas intensas à pessoas rasas, porra, vida, tu bem sabes como tenho andado, estancou o sangue, virou ferida, um band aid no peito de um deixado, olhos úmidos de visão turva e assim sozinho pedalei na chuva, esperanças desfeitas, ninguém mais à minha espera, era eu inverno onde todo resto da cidade parecia primavera, sarcasticamente sorria e me olhava a lua, "cada um na sua", cá as voltas com o silencioso pacto, uma flor convertida num gracioso cacto sobrevivendo no deserto urbano, entra ano, sai ano, vazios estritamente meus, "foda-se o que eu penso", li em muitos olhares dos que me deixaram, versos do poeta hipertenso...

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